O amor é livre.
O amor não dói.
Se te prende, não é amor.
E, se dói, é qualquer coisa, menos amor.
Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
Queria conseguir que você entrasse nos meus pensamentos e no meu coração, pra talvez, quem sabe, você entender um por cento do que eu penso e sinto. Do que eu queria. Eu queria te ter por completo, e ser sua por completo, também. Sem orgulho, sem ódio, sem passado, sem competição. Nós dois sabemos o nosso potencial, mas pior: sabemos o potencial do outro. E isso que me gera tanta insegurança, carência, ou sei lá que nome dar ao sentimento de te querer e não te ter por completo. Nunca consegui sentir o seu carinho por mim, sempre senti que há uma proteção, uma barreira, um muro entre nós que eu não consigo ultrapassar. Sempre há segredos e mistérios que eu jamais alcanço. Ontem, com um pequeno diálogo, você me explicou sobre isso, e já mudou meu modo de pensar. A verdade é que você não quer esconder, não quer se esconder. Só não quer que eu aja como se pudesse “mandar”, que a relação tem que ser de igual pra igual, e tudo mais. Nós dois somos reativos e temos um medo da porra do abandono. E desde que te conheci, em 31/01/2022, não teve um dia sequer que eu não morri de medo de você ir embora, de me abandonar, de eu te perder. Nós poderíamos ser tão suficientes um ao outro. E nem é tão difícil. Como você me disse bem no começo, oportunidades sempre haverá, pessoas bonitas, pessoas legais, com dinheiro, com status, com estrelas, com corpos perfeitos… mas aos meus olhos você sempre será o homem mais lindo desse mundo, e pelo que disse ontem, eu também serei a mulher mais linda aos seus. E eu acredito, pelo simples fato de que eu sinto o mesmo por você. Tenho meus defeitos, muitas vezes sou chata, mimada, quero tudo do jeito que eu quero na hora que eu quero, tenho consciência disso e trabalho isso em terapia toda semana. Você pra mim é suficiente em absolutamente tudo. Só não consigo, na maior parte do tempo, sentir que realmente somos um só. Que faremos tudo juntos, que vou treinar com você mesmo sem vontade e você vai me ajudar a limpar areia de gato mesmo sem vontade. Relacionamento é isso. É compreensão, é ser o apoio quando ver que o outro está inseguro, e é ser apoiado quando está inseguro. Nossa relação virou uma guerra de quem machuca mais. Você me machuca? Te machuco em dobro. Então você me machuca em triplo. E vai virando algo que não faz bem pra ninguém. Quando podíamos estar sendo, simplesmente, felizes. Pondo um ponto final de verdade no passado, e vivendo a NOSSA vida juntos. Sem traições, sem conversas fiadas, sem querer chamar a atenção, sem gravar vídeos com outra pessoa. Só nós e nós mesmos, nós contra o mundo. Nós e nossos sonhos. Nosso sonho de casar. Nós e nosso sonho de ter uma filha. Eu com desejo de melancia e você saindo tarde pra comprar e cortar, “porque a bebê está com vontade”. A vida podia ser tão fácil. Nós dificultamos tanto. Você me completa de uma forma que nunca senti antes. Outro dia nos emocionamos e eu segurei seu braço. Naquele momento parece que passou uma corrente de energia tão surreal dentro de mim, e seu que dentro de você também, como se minha alma estivesse conectada à sua. Não é todo dia que se encontra isso. E eu não quero perder. É isso que não quero perder.
na próxima vez que o amor vier
evitarei as promessas
evitarei o apego
evitarei o passado
evitarei expor meus pontos fracos
evitarei permitir minhas lágrimas
e se for possível
evitarei, principalmente,
o amor.
Você já ouviu dizer que nossos traumas servem pra nos fortalecer? Pois eu tenho uma notícia um pouco triste. Que traz uma certa desesperança e um gostinho amargo no fundo da garganta. Traumas não te fortalecem, traumas te traumatizam. Os nossos traumas despedaçaram nossos corações em pequenas partes, quase indivisíveis. E aí os momentos felizes vão colando essas partes... mas é como se fosse um copo de vidro quebrado, que você tenta colar - não fica perfeito nunca mais. Fica com vazamentos. Fica com cacos afiados prestes a cortar seu dedo. Um coração quebrado por um trauma nunca mais volta a ser inteiro de novo. O trauma te destrói. Desregula seu sistema nervoso. Seu sistema límbico, imunológico, respiratório, cardiovascular, e aqueles outros todos que a gente aprende na 5ª série. Não sei você, mas a soma dos meus traumas me fez desaprender a dormir. A respirar sem ar. A viver sentindo fisicamente a dor do meu coração pulando dentro do peito. O trauma me fez desaprender a confiar. Desaprendi também a amar. A me amar. O trauma me trouxe amargura. Engraçado, ainda dizem que o trauma fortalece... mas, em mim, o trauma roubou as forças de viver. Cheguei ao fundo do poço muitas e muitas vezes. E o bom disso tudo é que, a cada vez que eu caio no fundo do poço, fica mais fácil de achar o caminho de volta. A escalada pelas paredes do poço fica menos escorregadia. O poço cada vez parece menos gélido, menos abafado, menos assustador. Os musgos de lá já começam até a parecer acolhedores. Os monstros do poço parecem até sorrir pra mim, dizendo "você de novo?". E aí, mesmo cheia de traumas, mesmo com o coração despedaçado, aprendi a sair do poço. A subir, subir, subir, até ver a luz. Mas não pense que essa subida é fácil. Não é. Mesmo sendo a milésima vez, mesmo já sabendo o caminho de cor, mesmo conseguindo subir sem mapa e sem auxílio, a subida continua sendo excessivamente difícil. E aí, a cada vez que você sai de lá, você tem mais receio de cair, então se arrisca menos. Confia menos. Se entrega menos. Ama menos. Precisa valer muito a pena pra você ir em frente e enfrentar o risco da queda. E vou te contar um segredo: quase nunca vale.