Let's travel?

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Entre sem bater.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

"A morte é um dia que vale a pena viver"

 Algumas apenas podem mudar, outras precisam; o que nos une é o querer. Desejar ver a vida de outra forma, seguir outro caminho, pois a vida é breve e precisa de valor, sentido e significado. E a morte é um excelente motivo para buscar um novo olhar para a vida.

Quase todo mundo pensa que a norma é fugir da realidade da morte. Mas a verdade é que a morte é uma ponte para a vida.

terça-feira, 4 de junho de 2024

Uma mente inquieta

 Às vezes duvido se uma vida calma e tranquila teria sido conveniente para mim — e no entanto às vezes anseio por isso.

Demorei demais para perceber que anos e relacionamentos perdidos não podem ser recuperados, que o mal que se faz a si mesmo e aos outros nem sempre pode ser corrigido e que libertar-se do controle imposto pela medicação perde seu significado quando as únicas alternativas são a morte e a insanidade.

A doença maníaco-depressiva deforma o estado de humor e os pensamentos, estimula comportamentos aterradores, destrói a base do pensamento racional e, com enorme frequência, solapa o desejo e a vontade de viver. É uma doença biológica nas suas origens, mas que dá a impressão de ser psicológica na vivência que se tem dela; uma doença sem par no fato de proporcionar vantagens e prazer e que, no entanto, traz como consequência um sofrimento quase insuportável e, não raramente, o suicídio. Tive a felicidade de não ter morrido dessa doença.

Estou cansada de me esconder, cansada de energias desperdiçadas e emaranhadas, cansada da hipocrisia e cansada de agir como se eu tivesse algo a esconder. Cada um é o que é, e a desonestidade de se esconder atrás de um diploma, de um título ou de qualquer forma e reunião de palavras ainda é exatamente isso: desonesta. Necessária, talvez, mas desonesta.

Eu, em vez disso, considerava a escuridão uma perfeita estranha. Por mais que ela se instalasse na minha mente e na minha alma, ela quase sempre me parecia uma força externa, em guerra com meu eu natural.

Tinha a crença absoluta de que o que importa não são as cartas que recebemos no jogo da vida, mas nosso modo de jogar com elas.

Como se confirmou milhares de vezes desde então, minha curiosidade e meu temperamento me levaram a lugares com os quais eu realmente não tinha condições emocionais de lidar; mas a mesma curiosidade, aliada ao lado científico da minha cabeça, gerava uma estrutura e um distanciamento suficiente para permitir que eu me controlasse, me desviasse, refletisse e seguisse em frente.

Logo descobri que não era só meu pai que era dado a humores sinistros e caóticos. Quando eu estava com dezesseis ou dezessete anos, já estava claro que minhas energias e meus entusiasmos podiam deixar exaustas as pessoas ao meu redor; e que, depois de longas semanas de voos altos e pouco sono, minha cabeça dava um mergulho na direção do lado realmente escuro e taciturno da vida.