Let's travel?

Let's travel?
Entre sem bater.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

À espera de

Vivemos esperando. A espera é o que nos faz reunir forçar para lutar dia a dia, semana a semana, ano a ano. Esperamos o colegial, esperamos o resultado do vestibular, esperamos a carta de motorista. Esperamos amor, esperamos carinho, perdão, compreensão, atenção. Esperamos ligações, esperamos convites, cartas, bilhetes, recados. Esperamos a graduação, esperamos uma entrevista de emprego, esperamos uma promoção, um aumento, uma palavra de reconhecimento. Esperamos a aposentadoria, esperamos viajar o mundo, esperamos mudar o mundo. Esperamos ter tempo, tempo pra que? Esperamos tempo para esperar. A plenitude é algo meramente imaginário. É a espera que move os pensamentos, a rotina, o coração. Esperar, esperança. A esperança de um governo melhor, de um mundo melhor, de um relacionamento melhor, uma aparência melhor, uma cultura melhor. A esperança de ser inteligente, de ser diferente, de ser mais. A esperança de dias melhores, a esperança de paz, a esperança de felicidade. A esperança de ser mais. E mais, e mais, e mais.

R.L.A.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Inspirar, inspiração

"Mude. Mas comece devagar, pois a direção é mais importante do que a velocidade."

"O que o ser humano mais aspira é tornar-se humano."

"Cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro. [...] Mas tantos defeitos tenho. Sou inquieta, ciumenta, áspera, desesperançosa. Embora amor dentro de mim eu tenha... Só que não sei usar amor: às vezes parecem farpas."

"Não se preocupe em entender: viver ultrapassa qualquer entendimento."

"Sou como você me vê. Posso ser leve como a brisa ou forte como uma ventania, depende de quando e como você me vê."


"As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos."

"O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar, duram uma eternidade."


- Clarice Lispector

Se discute

Não gosto de domingo, não gosto de peixe, não gosto de Fórmula I nem de filmes de ação. Não gosto de sopa, não gosto de Passatempo recheado, não gosto de rock pesado, não gosto de mato, não gosto de frio nem de calor. Não gosto de atender telefone, não gosto de romantismo piegas, não gosto de flores, não gosto de piercing na língua nem de piercing na sobrancelha. Não gosto de aves, não gosto de fazer pesquisas , não gosto de bolo de nozes. Não gosto de Pepsi, não gosto de demonstrar fraqueza, não gosto de Twitter. Não gosto de correntes no e-mail, não gosto de e-mails e discussões sobre religião. Não gosto de modismo, não gosto de cabelo comprido em homem, não gosto de pessoas efusivas, pessoas estressadas, pessoas intransigentes nem de pessoas escandalosas. Não gosto de meninas frescas, não gosto de homens grudentos, não gosto que me tratem como criança nem que me tratem como adulto. Não gosto de receber ordens, não gosto de obedecer, não gosto de mau-humor. Não gosto de homofóbicos, não gosto de esquerdistas, não gosto de revoluções. E só falta eu falar que não gosto de internet nem de mim mesma, mas essa parte eu não vou falar...

R.L.A.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Não se discute...

Gosto de água tônica, de chá gelado, de café e de gatorade. Gosto de andar de carro, de andar descalça e de andar no metrô vazio. Gosto de sertanejo, gosto de MPB, de pagode, de Strike, de Ana Carolina e de Fresno. Gosto de piscina, gosto de ler, gosto de escrever, gosto de tartarugas e de mensagens de texto no celular. Gosto de teatro, gosto de cinema e de tênis de mesa. Gosto de estrogonofe, de macarrão, gosto de coração de galinha, de Habibs e de salada. Gosto de Harry Potter, de Crepúsculo e de High School Musical. Gosto de Machado de Assis, gosto de Clarice Lispector, gosto de Carlos Drummond de Andrade e gosto de Vinicius de Moraes. Gosto de espiritismo, gosto de conversar, de receber elogios, de receber atenção, de ganhar presentes e gosto de me sentir útil. Gosto de letras de música, de línguas estrangeiras, de gibis, de livros de ficção e de novela. Gosto de BBB, gosto de Chaves e gosto de seriados dublados de TV aberta. Gosto de agendas e revistas para pré-adolescentes, gosto de manteiga de cacau, de beijo na testa e de lápis de olho. Gosto de chapinha, gosto de esmaltes, de perfume masculino e de acessórios de prata. Talvez eu até goste de você.

R.L.A.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Já acreditei em mentiras, já desacreditei de verdades, já me rebelei contra o mundo e já tive convicção de que o mundo havia se rebelado contra mim. Já fiz promessas e não cumpri, já iniciei dietas vários dias seguidos, já escrevi cartas para mim mesma. Já fingi um sentimento, já disse palavras de carinho da boca para fora, já senti inveja. Já me culpei por erros cometidos, já culpei pessoas inocentes e já inocentei culpados. Já fui ingrata, já chorei escondida, já chorei por amor, por ódio, por felicidade, por raiva, por música, por tristeza, por saudade, por surpresa, por emoção, por desespero. Já me apaixonei por quem não deveria, já achei que o errado fosse o certo, que o certo fosse o errado, já achei que seria para sempre. Já rejeitei, já fui rejeitada, já sofri, já fiz sofrer. Já errei e já acertei, já lutei e venci, já lutei e fui derrotada, já fui derrotada e levantei. Já gostei de alguém só de olhar, já tive primeiras impressões equivocadas, já gostei de quem me queria mal. Já julguei, já briguei sem motivo, já perdoei e já fui perdoada. Já me arrependi, já decepcionei, já fiz sentirem orgulho de mim e já fiz meu orgulho falar mais alto. Já agi por impulso, já aconselhei, já segui conselhos, já ignorei sabedorias. Já cheguei ao extremo da exaustão, já fiquei angustiada a ponto de doer, já me senti flutuar de felicidade. Já tive medo, já incentivei e já fui incentivada, já quis continuar e desisti, já quis desistir e continuei. Já vivi, e vivo. Já vivo, e viverei. Viver? Ei.

R.L.A.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Infinitamente particular, particularmente infinita

Ela nunca foi do tipo de garota que chama a atenção ou se destaca dentre as demais. Pelo contrário: em meio a outras da sua idade, ela ficava peculiarmente ofuscada. Não era bonita demais nem feia demais, não era baixa ou alta demais. Seus cabelos e suas unhas não eram curtos, nem compridos. Não era gorda, magra, morena ou loira. Ela era simplesmente um meio termo de todas as características. De quando em vez ela largava os óculos, adotava salto, esmalte vermelho, soltava os cabelos; brincava de ser mulher. Mas ela era realmente ela mesma quando estava vestida em suas roupas gastas, com o cabelo mal-preso, os óculos, lápis e papéis sendo seus melhores aliados. Ela não se preocupava com o fato de não ser a mais deslumbrante, a mais inteligente ou a mais engraçada. Preocupava-se, apenas, em ser gostada com todos os seus defeitos (que não eram poucos!), em aprender com cada gesto, fato e palavra, evitando o que a agredia e buscando o equilíbrio que uma boa libriana almeja. Não tinha muitos amigos, mas também não tinha poucos. Claro, tinha aqueles 4 ou 5 que estavam sempre com ela, para quem ela choramingava, com quem ela contava e oferecia seu ombro. E tinha sua família que, embora pequena, tinha membros por quem ela possuía infinita admiração e com quem ela possuía inigualável afinidade. E, assim, dia a dia, segundo a segundo, ela foi aprendendo as duas coisas que ela considera as mais importantes: a crescer sempre, independente de tudo e que sozinha ela não ultrapassaria sequer as fronteiras auto-impostas.

R.L.A.

Plágio

"Em seu abrigo, esconderijo alternativo. Percebera que se dava melhor com as palavras do que com os humanos. Talvez, melhor, certamente, porque sobre as palavras ela possuía domínio. Ela naquele lugar com entrada para raros encontrava, ao pensar, sutis diferenças entre viver e escrever. A contradição entre os verbos acontecia que, ao escrever, podia mudar vírgulas e começos e entonações e apagar e rever as falas e pensar sempre antes de expressar e refazer. Já a sintonia estava no fato de podermos escolher o como e o quem, poder aperfeiçoar e mudar os meios para mudar os fins. Enfim, por mais que preferisse seu lápis e um pedaço de papel, ela ainda amava incondicionalmente a vida."

- Giovanna Malavolta.