Digamos que possa ser chamado de ilusão, esse meu sentimento. O nome dado a ele não importa. Ele está me fazendo um bem danado. Talvez seja um tipo de toxina que me causa vertigem. Ou um tipo de morfina, que está me fazendo sorrir enquanto as feridas terminam de cicatrizar. Uma forte aspirina que está me fazendo esquecer que o machucado dói, ou estava suposto a doer. Que seja. Esse sentimento estranho e diferente me faz sentir viva. Me faz sentir paixão. E gana. E ambição. E vontade de seguir em frente. E vontade de me jogar. De me entregar. Pode ser que o efeito da morfina passe daqui a algumas horas. Pode ser que o efeito da aspirina expire daqui a alguns dias. Ou meses. Mas quando esse efeito passar, a ferida estará cicatrizada. A ferida será somente uma lembrança. Lembrança de algo que me só me fortaleceu. E sempre que eu olhar a marca da cicatriz em mim, vou sorrir ao lembrar de como ela foi causada. Vou sorrir ao saber que aquele buraco enorme e sangrento hoje é só uma pequena e quase invisível cicatriz. Então não interessa que o que estou sentindo seja ilusório, que seja irreal, até mesmo que seja tolice. Não, não importa. E também não importa que daqui a pouco essa sensação chegue ao fim: já já tudo volta ao estado normal: sem vertigem, mas também sem dor. Sim senhor, nada de dor.
R.L.A. – para minha secreta toxina, morfina, aspirina.
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