Batidas na porta da frente. Ele ri, e diz que somos todos iguais. Com os olhos fechados, digo que amores morrem no escuro. Talvez fôssemos crianças que não souberam amadurecer. Cartas carcomidas por traças, perfumes expirados pelo tempo. O batom no colarinho já não existe mais. O arrepio já não sobe a espinha. O frio congela. As mãos dadas já não se aquecem. Os olhares cruzados já não formigam o estômago. Mas talvez os ombros ainda sirvam como apoio para cabeças pesadas, talvez ainda reste um fio. Um fio de sentimento, um fio de lembrança, um fio de confiança, de paixão, quem sabe? Talvez... Talvez um fio seja suficiente, talvez um fio sustente, talvez. Batidas na porta da frente. Com os olhos fechados, ele diz que amores acabam no escuro mas renascem na luz. Rindo, digo que somos todos iguais.
R.L.A.
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