Um dia, aconselharam-me a desistir. Parei, então, para pensar. Olho ao meu redor. E se? E se tudo tivesse sido diferente? Ah, que piegas. Mas... e se? Se a escolha fosse outra, se tivesse dado certo, se o caminho estivesse fechado? Se eu não tivesse cometido os erros, se não tivesse tido as ideias que tive, se não tivesse descoberto a verdade, se não me tivessem aceito? Se naquele dia tivesse chovido muito, se nossos olhares não tivessem se cruzado, se o dinheiro não tivesse sido suficiente? E se eu tivesse nascido fisicamente diferente... outro tipo de corpo, outro tipo de cabelo, outro signo? Se eu tivesse gostado mais de biologia, tudo seria diferente?
Claro que agora tudo está como é e é como está. It is what it is. To be or not to be, eis a questão, não é, William? Caminhos aparecem, bifurcam-se, espalham-se; cada escolha, uma renúncia. Por vezes aparece um caminho único, e aderi-lo é a única opção. Optamos com gosto, eventualmente torcemos o nariz, relutamos... mas sempre, sempre continuamos. Vontade é o que não falta: de voltar, de parar, de desistir. Vontade de voltar a agir como quando tínhamos cinco anos: não quero! não quero! não quero! E os dias, assim, se arrastam, arrastam-se. Dias em que não nos reconhecemos em nós. Ou dias em que nos reconhecemos em cada partícula, em cada olhar. Dias em que gostaríamos que tudo mudasse. E dias em que tudo parece notavelmente harmonioso exatamente como está.
A verdade é que tudo poderia ter sido diferente. Melhor, pior. Diferente. Mas não é. Tudo é exatamente como é. E está.
R.L.A. (aula de latim sucks)
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