Me perguntei em qual esquina havia abandonado minha alma. Em qual beco havia esquecido minha mente. Em qual oceano havia atirado meu coração. Carrego um corpo. Oco, vazio. Ecos internos. Onde vim parar? Quem me trouxe aqui? Minha vontade foi de lamber cada parede daquela casa, o único ambiente que ainda me parecia familiar. O único lugar onde eu ainda me reconhecia. Eu não me sentia mais eu. Não conseguia mais enxergar meu reflexo nos espelhos que encontrava pelo caminho. A vida em si passou a me soar estranha. Aquilo não me pertencia. Aquela realidade não era a minha, não podia ser minha! Que sensação horrível. A indiferença me matava por dentro dia após dia. E o tempo passava, se esvaía, me escorria por entre os dedos como finos grãos de areia. Saudade e ausência eram os únicos sentimentos discerníveis. Aquela vivacidade pelo ralo escorreu. Essa, não, essa não pode ser eu.
R.L.A.
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