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Entre sem bater.

sábado, 8 de outubro de 2011

Felicidade.

"Não sei porque eu estou tão feliz. Não há motivo algum pra ter tanta felicidade! Não sei o que que foi que eu fiz, se eu fui perdendo o senso de realidade... Um sentimento indefinido foi me tomando ao cair da tarde, infelizmente era felicidade. Claro que é muito gostoso. E claro que eu não acredito. Felicidade assim sem mais nem menos é muito esquisito. Não sei porque eu estou tão feliz. Preciso refletir um pouco e sair do barato. Não posso continuar assim, feliz. Como se fosse um sentimento inato, sem ter o menor motivo. Sem uma razão de fato. Ser feliz assim é meio chato. Não sei porque eu estou tão feliz. Vai ver que é pra esconder no fundo uma infelicidade. Felicidade, quando é no começo, ainda é controlável... mas não sei o que foi que eu fiz pra merecer estar radiante de felicidade. Mais fácil ver o que não fiz, fiz muito pouco aqui pra minha idade, não me dediquei a nada, tudo eu fiz pela metade. Por que, então, tanta felicidade?
E dizem que eu só penso em mim, que sou muito centrado, que eu sou egoísta. Tem gente que põe meus defeitos em ordem alfabética, e faz uma lista. Por isso não se justifica tanto privilégio de felicidade! Independente dos deslizes, dentre todos os felizes, sou o mais feliz. E não sei por que eu estou tão feliz. E já nem sei se é necessário ter um bom motivo, a busca de uma razão me deu dor de cabeça, acabou comigo... Enfim, eu já tentei de tudo, enfim eu quis ser consequente, mas desisti. Vou ser feliz pra sempre! Peço a todos com licença, vamos liberar o pedaço, felicidade assim desse tamanho, só com muito espaço!"


Luiz Tatit

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