Impossível viver no presente? Impossível não esperar os tempos melhores, que jamais chegam? Impossível não possuir trilhões de sonhos, desejos, anseios, vontades? Ingênuo viver assim? O melhor sempre, sempre está por vir. Sim. E nunca, nunca vem. Por outro lado, viver sem espera é viver sem objetivo. E viver sem objetivo é viver sem sentido. Literalmente. Certo? Então, estaríamos nós participando de um eterno ciclo, com bonito e remoto início, mas com fim concreto, conhecido e demarcado? Esse final que a tantos amedronta, apavora, desespera. Arrepia. A mim, não. Quem sabe esse tal melhor a que tantos esperamos não esteja lá, depois do final? Eis um modo de se viver. E de que importa se for a maneira mais tosca, cega, superficial de se encarar? De que importa se, no fim das contas, não for nada disso? De que importa se o fim for simples e meramente o fim, a terra, o sufocamento, a madeira, a corrosão? A vida não passa de um enfrentamento. Uma guerra de todos contra todos. Guerra na qual todos acham que sabem o que querem, mas no fundo não sabem o que querem achar. Guerra da qual não há escapatória, fuga, esquivo. E a espera nos dá forças, é a nossa atadura, armadura, tanque. O tal do futuro nos move. Futuro, amigo tão inimigo. Amigo que promete mas não cumpre, não visita, e nunca está presente. Mesmo assim não desistimos. De tentar, esperar, guerrear.
R.L.A.
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