Uma da manhã. Papel e caneta à mão. Mente à disposição. Por que será que, nestas condições, é tão óbvio que o tal amor será fonte de inspiração? Detesto, detesto o óbvio. O previsível, então, me causa enjôos. Mas é tão óbvio e tão previsível que o que escreverei será sobre você! Se bem que você ter entrado na minha vida sem pedir licença fora algo nada óbvio e muito menos previsível. Traí a mim mesma, enganei minha mente, fugi da minha razão, confundi meu coração. Permiti algo proibido, driblei minhas regras, menti pro meu juízo. Deixei. Tentei. Gostei. Sonhei. É isso! Tudo não passa de um sonho! Um devaneio daqueles tantos que tive em momentos tediosos, com você tão perto e tão longe de mim. A todo tempo me pergunto se isso tudo é real, se você de fato é real, e a resposta vem sendo a mesma: sim, é real, sim, acredite. Pode ser que a resposta mude, pode ser que isso seja mais uma das minhas tão frequentes besteiras internas. É o mais possível. Ainda temo em crer, eu sempre fora tão skeptical, ainda temo em ceder, não somente a você, mas principalmente temo em ceder a mim mesma. É claro que o que todos nós desejamos é alguém que brinque com a nossa vida como uma criança brinca de colorir um desenho em branco; mas todos nós tememos que a ponta do lápis de cor se quebre e o desenho fique mal colorido, muito mais feio do que estava em preto e branco. O fato é que estou pensando seriamente em correr esse risco. Pensando em permitir que você brinque de colorir minha vida. Mas você promete tomar cuidado para não quebrar a ponta do lápis? Promete escolher com cautela as cores que vai usar? Promete? E então eu deixarei, tentarei, gostarei, sonharei, sonharei, sonharei. E isso é tão óbvio. Tão previsível!
R.L.A.
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