Sabe. Se existe algo que eu não suporto, além das famosas lições de moral, são as cobranças. Ah, se pensarmos a fundo, as lições de moral podem até ser encaixadas no âmbito das cobranças, mas anyway. Bom, o fato é que, ao que parece, eu não possuo o direito de sair de mim nem por uma semana, um dia que seja, uma frase, e já começam as cobranças. Qual é o meu problema? O que há de errado comigo? Sinto estar me perdendo em uma queda livre, free falling, sinto estar vivendo dias adormecidos, como se nada fosse real. Estou chata, calada, diferente, esquisita de um jeito muito, muito estranho. Final de semestre, final de ano, todo aquele peso sobre os ombros que parece que não vou suportar, aquele momento em que acho que não conseguirei avançar, seguir. Não conseguirei sobreviver mais um único dia. Sinto minha mente dando milhões de voltas, filmes passando em flashes, parecem instantes de pura insanidade, tudo roda. Semiótica se mistura com poetas de cuja poesia eu não gosto, remixados com palavras em inglês cujos significados eu desconheço, misturados aos meus novos e antigos medos, novas e antigas paixões, pavores, amores. Tudo me estonteia e sinto que irei desabar. Toda essa confusão interna em que me perco torna-se um sono sublime e branco, um sono com sonhos, sono este do qual desperto quando chega alguém de fora e adivinha só? Me cobra! “Você está chata, calada, diferente, estranha de um jeito muito, muito esquisito. É algum problema comigo? Me explica, me fala, não me esconda nada!”. E a resposta, treinada, decorada, automatizada, não, não é nada com você, não há problema algum, aliás, há sim. O problema sou eu. Cento e setenta e quatro centímetros de problema. Setenta quilogramas de problema. Um problema que ninguém há de solucionar, porque não existe solução. Ninguém há sequer de entender ou decifrar. Mas se quisessem mesmo colaborar, um grande passo seria parar de me cobrar. É.
R.L.A. - em total fluxo de consciência.
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