Let's travel?
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
vou-me embora para Pasárgada
Qual a lógica disso tudo, afinal? Pra que serve essa luta diária, incessante, que não leva a lugar algum? Cada segundo que passa é um segundo a menos, o relógio da vida tique-taqueando ao contrário, em uma contagem regressiva para o fim. E tudo isso pra que? pra que, pra que, pra que? Pressa, dor, sofrimento, tudo tão entediante, lotado, sufocante! O despertador já tocou, que droga! Levantar, que esforço. Tomar banho, escolher a roupa, comer. Sair, ar poluído, ônibus lotado, trânsito infernal, estou atrasado, de novo! Passagem cara, gasolina acabando mais uma vez. Pedinte no farol, mendigo na estação, já disse que não, não tenho uma moeda! Trabalhar, estudar, eu não gosto do que faço, não tenho certeza do que eu quero, como mudar? Agora não dá, tá no meio do caminho, tem que esperar acabar. Que droga, por que fui escolher isso pra minha vida? Poxa, eu sempre sonhei em ganhar mais, e agora vejo que não dá. Droga, droga! Finalmente o final de semana. Parque, cinema, restaurante? Filas, multidão, tudo caro. Mostre a carteirinha de estudante. Qual a bebida, quer catchup? Domingo, que dia chato, amanhã já é segunda-feira de novo e eu nem aproveitei. Hoje vou descansar. Nada na televisão, nenhum livro me interessa, na internet só tem gente falando porcaria. Domingo deprime. Segunda-feira de novo, droga!, tudo de novo. Quero férias, quero férias! Chegam as férias. Que tédio, não ter o que fazer. Não tenho dinheiro, viajar não quero, a praia vai estar suja e lotada, o interior muito quieto, vazio. Acabam as férias. Voltar pro trabalho de novo, que inferno! Toda aquela gente chata, aquele trabalho insuportável, porque não existe trabalho ruim, o ruim é ter que trabalhar. Acordar com o peso de um dia nos ombros, reclamando, dormir com a sensação de ter feito muito e mesmo assim nada foi feito, reclamando. No sistema só corrupção. Na natureza só destruição. Na rua é um matando o outro, um culpando o outro, um julgando o outro. E quanto aos sonhos? Pra que eles servem? Quando se realizam, perdem a graça, e novos "sonhos" tomam o lugar, reabrem o vazio no peito; quando não se realizam, viram frustração. E as pessoas? Pessoas estão aí para cobrar, para ter que dar satisfação, pra te decepcionar e te fazer pensar o tempo todo em como agir e no que dizer. Pessoas também magoam, e estão aí pra sufocar ainda mais onde quase já não há ar. E o tempo, o dono do jogo, vai controlando seus passos e te levando para onde ele quer. Pra lá na frente ele jogar tudo na sua cara, os seus erros, o que você deixou de fazer, quem e o que você perdeu, cada um de seus fracassos e lutas em que você foi derrotado, derrubado, esmagado. E essas lágrimas aí? De que adiantam, para que servem? Eu respondo, para nada. Nada. Se engana aquele que acredita que a morte é triste, é ruim. Morrer é fácil. É a parte mais fácil da vida. O que é difícil é continuar aqui. Onde você nunca está completo, sempre falta algo, sempre há algo por fazer, algo por dizer. Afinal, quem está preso é quem está mais livre, porque eu aqui, solta, é que estou presa, presa às minhas próprias amarras, presa a pessoas, presas a essa vida sem sentido, vida de droga, vida sem lógica, vida que espera nada, nada além do fim.
Vou-me embora para Pasárgada, aqui não sou feliz e lá a existência é uma aventura. Vou-me embora para Pasárgada.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário