Let's travel?

Let's travel?
Entre sem bater.

terça-feira, 9 de março de 2010

Após...

Mudar, mudança, mudado. Rotina muda, amores eternos acabam. Nem mesmo a eternidade é eterna. Mudam-se os pensamentos, os sentimentos, os gostos, o estilo. Mudam-se as roupas, mudam-se os amigos, os livros pelos quais nos interessamos. Os namoradinhos da adolescência com quem fiz tantos planos para o futuro, hoje não sei mais onde estão ou o que fazem. Já passei por momentos tão intensos que achei que não conseguiria sobreviver sem aquilo. Como viver sem ir aos ensaios de teatro, ou sem ir ao colégio? E hoje vivo. Por que mudam também nossa cabeça, nossa maturidade e nossas emoções. Nossas necessidades são outras, nossos prazeres são outros, nossas prioridades são outras. Devemos gostar do que fazemos neste momento, e não esperar o futuro para viver; devemos nos sentir satisfeitos diariamente – tendo ganância, é claro – mas contentes naquilo que fazemos todos os dias. Devemos lembrar de tudo o que já fizemos até um minuto atrás, devemos contar histórias e rever fotos. Devemos chorar de saudade, devemos ter vontade de abraçar todos aqueles de quem já gostamos um dia, aqueles com quem já passamos bons momentos, devemos reler cartas. Devemos trabalhar para viver e não viver para trabalhar. Por que e para que estamos aqui nem mesmo Einstein ou Platão conseguiu descobrir. Pensar enlouquece, então devemos optar entre sermos loucos ou adeptos da humanidade. Por isso, penso e aceito, aceito e amo. Não vale a pena tanta seriedade, tanta briga, ou mesmo tanto dinheiro em um lugar onde desconhecemos absolutamente tudo, absolutamente todos. Então vamos rir, vamos abraçar, vamos sair, comer, amar, viver. Vamos amar. Vamos viver. Porque a vida começa após a vida. Somente após a vida.

R.L.A.

Plágio, plagiar, plagiado.

"... tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente! Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido; sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente, cada passo condizia a um êxtase, e a alma se cobria de um luxo radioso de sensações!

Ergueu-se de um salto, passou rapidamente um roupão, veio levantar os transparentes da janela... Que linda manhã! Era um daqueles dias do fim de agosto em que o estio faz uma pausa; há prematuramente, no calor e na luz, uma certa tranqüilidade outonal; o sol cai largo, resplandecente, mas pousa de leve; o ar não tem o embaciado canicular, e o azul muito alto reluz com uma nitidez lavada; respira-se mais livremente; e já se não vê na gente que passa o abatimento mole da calma enfraquecedora. Veio-lhe uma alegria: sentia-se ligeira, tinha dormido a noite de um sono são, contínuo, e todas as agitações, as impaciências dos dias passados pareciam ter-se dissipado naquele repouso. Foi-se ver ao espelho"

Eça de Queiroz, O Primo Basílio

segunda-feira, 8 de março de 2010

Raio de sol

E então, naquele momento, um raio de sol invadiu minha propriedade – e como era lindo o meu raio de sol! – Trouxe com ele tantos substantivos de cujo sabor eu havia esquecido. Havia esquecido do sabor que tinha a paz, a esperança, a felicidade e a tranquilidade. Havia esquecido do sabor que tinha o a amor. E a compreensão, e o carinho, e a atenção. Antes do raio de sol eu havia sentido pontadas de uma faca chamada solidão. Quanto de mim o raio de sol havia renovado... me confortou quando eu pior me sentia. Afinal, quantas não eram as mudanças que ocorriam dentro e fora de mim! Talvez eu jamais nem nunca mais passaria por tanto tumulto em tão curto espaço de tempo. Tudo em mim mudou. Tudo para mim mudou. ‘Mudaram os horários, hábitos, lugares, inclusive as pessoas ao redor.’ Tudo mudou. Tudo. Só não mudou o brilho que era só e somente do meu raio de sol.

Para meu secreto raio de sol,

R.L.A.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Só, somente, sozinho, solidão.

“Fiquei sentada ali e, depois de um tempo, percebi que nunca havia me sentido tão sozinha em toda a minha vida. Eu queria estar cercada por todas as pessoas que eu conhecia e com quem me importava. Queria ser abraçada e confortada por elas. Mas nem sei se isso me contentaria. Percebi que bem lá no fundo de mim havia uma parte que sempre estaria sozinha: do nascimento à morte e ainda além; toda pessoa tem alguma coisa que é só dela e de mais ninguém.
Foi assustador perceber que eu tinha essa pequena parte de solidão em mim, mas acho que isso tem a ver com meu amadurecimento: saber que eu fazia parte de uma família, de uma rede de amigos, mas que isso não era tudo. Eu tinha uma existência independente das outras pessoas que me amavam e me cercavam. Era uma ideia de solidão, mas que não era necessariamente ruim.”

Um dia...

“Um dia, um professor nos diz qual é o sentido da vida e a gente boceja e olha para o relógio tentando calcular quantos segundos faltam para o sinal tocar. Outro dia, uma professora diz alguma coisa óbvia ou alguma coisa que você já ouviu um milhão de vezes e você pensa ‘Nossa! É verdade mesmo! Ela está certa: a variedade é o tempero da vida.’ Ou qualquer coisa assim...”