Let's travel?

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Entre sem bater.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Meus dois baús - parte II

Haviam se passado exatamente 7 meses. 7 meses desde que eu tinha tomado minha grande decisão. E já fazia alguns meses desde que eu havia te guardado naqueles dois baús... lembra deles? Um dentro de mim e outro no meu quarto. Baús lotados, quase transbordando de memórias e sentimentos. Tudo estava guardado. Preciso dizer que tomei coragem. Em um dia anormal de extrema força, peguei o baú do meu quarto e decidi que o jogaria fora. Abri-o, rasguei carta por carta, foto por foto, lembrança por lembrança. Fui destruindo cada coisinha que eu havia guardado com tanta dor. A cada elemento que eu destruía, eu destruía junto um pedaço dos sentimentos que estavam guardados no baú do meu coração. Ao terminar meu trabalho, confesso que me restou um vazio enorme. Tanto no peito quanto na prateleira do quarto. Os dois baús não estavam mais lá. Eu havia, finalmente, decidido retirar você de mim. Havia, finalmente, decidido seguir minha vida. Decidido que não haveria mais volta. Resolvi aceitar isso, aceitar de verdade o fato de que nossa longa história havia chegado ao fim. Não, não haveria casamento. Não, tudo o que compramos pro "nosso" apartamento já não iria mais pro "nosso" apartamento. Não, a filha que eu planejava ter não seria sua também. Agora era somente eu e somente você. Todos os nossos planos haviam sido cancelados, e não adiados. Decidi aceitar que foi um conto de fadas com começo, meio e fim. Começou com "era uma vez" mas não terminou com "felizes para sempre". Terminou com cada um seguindo para uma nova história, duas novas histórias, e um não apareceria mais na história do outro. Estava tudo finalizado, como deveria ser. Agora que eu aceitei isso, tudo fica mais fácil e mais claro. Confesso que ainda me dói quando, sem querer, ouço sua voz falando com meu irmão ou quando me deparo com uma foto nossa. Ainda me dói ver fotos suas atuais, dói ver como você mudou pra melhor e como eu continuo a mesma de sempre. Mas mesmo que ainda doa, seguir sem você foi o que eu decidi fazer. Você fez parte da minha história, me ajudou a crescer e me provou que o amor existe, sim. Me provou que as pessoas são capazes de amar de verdade, algo que eu sempre duvidei antes de te conhecer. Agora resolvi aceitar, de verdade, o nosso fim. Os baús foram jogados fora, triturados e aterrados em algum lugar esquecido pelo mundo. Agora sou só eu. Agora é só você. E eu já aceitei a ideia de que o "nós" nunca mais vai existir. 

Pessoas são estranhas - parte I

Pessoas são estranhas - essa é uma das minhas frases preferidas. Mas há muito mais. Pessoas erram. Pessoas mentem. Pessoas agem por impulso. Pessoas têm jeitos bem esquisitos de amar e jeitos bem piores de demonstrar o amor. Pessoas gostam de ter tudo sob controle, pessoas são confusas e às vezes nem sabem ao certo o que querem. Pessoas são calculistas e podem aparentar frieza. Pessoas têm os mais diversos e profundos medos e, pior: muitas vezes tentam esconder suas fraquezas fingindo ter força o tempo inteiro. Pessoas são estranhas, e como são. Pessoas agem de maneira estranha e têm maneiras estranhas de amar. Prazer, eu sou uma "pessoa". 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Por que não deu certo e o que eu quero pra mim

Quando estamos dentro de uma situação, em geral não conseguimos enxergá-la por inteiro e somos suspeitos para julgá-la. Foi o que aconteceu comigo. Hoje, totalmente de fora, e sem nenhum tipo de sentimento envolvido, consigo enxergar exatamente o que estava acontecendo e por que acabou. O que eu vivia não era exatamente um relacionamento. E todos me diziam isso, mas eu não queria aceitar, nem mudar. O que eu vivia era uma bolha onde só havia espaço para uma pessoa. Nós éramos duas pessoas, então tivemos de nos fundir e virar apenas um, para caber na bolha. Viramos uma pessoa só, em um mundo totalmente particular e sem acesso. Sem portas, sem janelas. Uma hora ou outra, o oxigênio iria acabar, e foi o que aconteceu. Demorou alguns anos, mas acabou. Faltou o ar. Sufocou. Eu fui a primeira a passar mal, e estourei a nossa bolha que você havia construído. O que eu quero é alguém ao meu lado, e não alguém que me enfie em uma bolha. O que eu quero é alguém que ande ao meu lado, e não atrás de mim. O que eu quero é alguém que me deixe viver, me deixe respirar, me deixe ter amigos, e faça tudo isso também. Quero alguém que dê mais ar aos meus dias, e não menos dias ao meu ar. Preciso de alguém que saiba viver. Alguém que vá comigo aos lugares, e não me prive de ir ou me convença a não ir. Perdi muitos momentos que jamais voltarão. Agora vou atrás de novos momentos, e percebo cada vez mais que não preciso, necessariamente, estar solteira para estar vivendo. Posso ter alguém que viva, também. Que viva e me deixe viver, que viva comigo. Vá a lugares comigo, seja amigo dos meus amigos. Alguém que confie em mim e mais do que isso, confie em si mesmo. Alguém que acredite na força do meu amor, e não precise me trancar em uma bolha para garantir os meus sentimentos. É isso que eu quero, e é por isso que não deu certo. Que sirva de lição...

Essa guerra fria dentro do meu peito...

Aqui está metade de mim, novamente. Esperando ansiosamente por mensagens suas, vendo suas fotos com um brilho tosco nos olhos, ouvindo músicas e pensando em você, imaginando coisas, imaginando nós. Posso afirmar que já fazia alguns anos que isso não ocorria... E a última vez que ocorreu, bom, todos sabemos no que deu. Resultou em quase 40 meses de muita intensidade. E agora, após sete meses e quatro dias de um total vazio de sentimentos, ocorreu algo que uma hora iria acabar ocorrendo. Um projeto de sentimento parece começar a nascer dentro de mim. E metade de mim fica bem feliz de ter alguém com quem sonhar, mesmo que seja uma ilusão, mesmo que no fim não seja nada. Mas aí chega aquela minha outra metade, aquela da qual até eu mesma sinto medo. Aquela metade que só espera o pior, que prefere não viver algo bom com medo das consequências que virão. Aquela minha metade que é fria, calculista e pessimista. Aquela minha metade que não acredita no amor, nem nas pessoas, muito menos nos homens. Aquela minha metade que prefere a solidão. Essa metade aparece pra me confundir. E fica essa guerra fria. Metade de mim é amor e gosta de sonhar. A outra metade prefere impedir todo esse sentimento bom, pra evitar qualquer tipo de sentimento ruim. Como se fossem o anjinho e o diabinho me aconselhando. Ainda não sei qual das duas partes é o bem e qual é o mal. Qual metade está certa? Difícil dizer. Qual metade vai prevalecer? Bom... isso é você quem vai dizer. 
25/01/2016 

Felicidade tem cheiro

Felicidade tem cheiro. Tem cor e tem gosto também. É você olhar para um ser e pensar que aquilo não pode ser real, porque é simplesmente surreal. É olhar para aquele rosto e pensar que parece que foi feito com régua, transferidor, compasso, de tão perfeito que é, de tão perfeitos que são os traços, os olhos meio cor de mel, tudo, tudo. E a voz arrepia. E o cheiro que fica em você, você tem vontade de nunca mais tomar banho para que aquele cheiro não saia. Até o jeito meio atrapalhado te faz rir. Um passado que te desperta e você deseja saber cada detalhe, uma história de vida que te interessa em cada detalhe. É estranho. Tão perto e tão distante. Tão bom e tão errado. Me parece inaceitável, é uma sensação diferente de tudo o que já vivi. Eu, tão confiante, tão certa de tudo, me pego pensando: "será"? Se é eu não sei, se não é, também não sei. E nem quero saber. Vou continuar vivendo, acordando e indo à luta mais feliz porque te conheci. Por quanto tempo não sei, e também não me interessa. Vou viver enquanto é tempo, sabendo que a felicidade tem cheiro. E o seu cheiro me lembra o dela.

09/08/2015

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

"De todos os loucos do mundo eu quis você
 Porque eu tava cansada de ser louca assim sozinha
 De todos os loucos do mundo eu quis você
 Porque a sua loucura parece um pouco com a minha"

Torta de amora

"Quando eu te vi fechar a porta, eu pensei em me atirar pela janela do oitavo andar... Onde a Dona Maria mora, porque ela me adora, e eu sempre posso entrar...
Era bem o tempo de você chegar no T, olhar no espelho seu cabelo, falar com o Seu Zé... e me ver caindo em cima de você, como uma bigorna cai em cima de um cartoon qualquer...
E aí, só nós dois no chão frio, de conchinha bem no meio-fio... No asfalto riscado de giz... imagina que cena feliz!
Quando os paramédicos chegassem, e os bombeiros retirassem nossos corpos do Leblon, a gente ia para o necrotério ficar brincando de sério deitadinhos no bem-bom... Cada um feito um picolé, com a mesma etiqueta no pé...
Na autópsia daria pra ver... como eu... só morri... por você...
Quando eu te vi fechar a porta, eu pensei em me atirar pela janela do oitavo andar. Em vez disso eu dei meia-volta, e comi uma torta inteira de amora no jantar..."

 - Clarice Falcão - "Oitavo andar"