Let's travel?

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Entre sem bater.

sábado, 30 de abril de 2016

Lembrar que eu te esqueci


"Eu esqueci você. Estou te ligando em plena madrugada e te acordando pra dizer: eu esqueci você. Eu já nem lembro mais que teu beijo tinha gosto de saudade... Que no seu perfume era tão doce... Eu nem me lembro mais... Se eu te ligo na mesa do bar, se você já cansou de escutar que um dia eu iria esquecer, esse dia chegou, acabou de chegar. Se ainda guardo lembranças de nós na memória do meu celular, se carrego comigo a foto que a gente tirou lá na beira do mar, tudo isso é pra você lembrar... Lembrar que eu te esqueci..."

terça-feira, 19 de abril de 2016

Como eu te esqueci

"Eu ia escrever um texto sobre como te esqueci, e sobre como agora sou uma mulher poderosa, mas vamos lá... Quem eu quero enganar? Eu não te esqueci.
As pessoas gostam de se mostrar fortes, corações de pedra, são todos "Oi? Foi comigo? Mas eu não senti nada". Eu sinto. E sinto muito que nós não tenhamos dado certo. Eu errei, de verdade. Sei que não disse isso olhando no fundo dos seus olhos, mas é que nós dois sabemos que eu sou uma filha da puta orgulhosa. Nós dois também sabemos que você teria me desculpado se eu tivesse ao menos dito que sentia muito. Mas eu não disse, não vou dizer, e provavelmente você nunca vai saber.
Mulher poderosa aqui passa longe. Faz dias que não saio do meu quarto, meu cabelo está pra cima, e minhas olheiras parecem que finalmente já pertencem a mim. Eu poderia fingir que está tudo bem. Mas eu nunca consegui te enganar mesmo.
Eu queria dizer que eu te esqueci, mas quando as pessoas me perguntam sobre você eu apenas desconverso. Pergunto sobre o tempo. Falo sobre política. Quando a saudade aperta, abro alguma foto sua no celular e fico por alguns segundos admirando o seu sorriso ao meu lado. Tão leve, despreocupado, como se nada no mundo pudesse nos atrapalhar.
Todos os dias sinto que perco um pedaço de você. Começo a esquecer suas manias, o que você dizia, e até o seu cheiro já não parece mais vivo quanto antes. Subo as escadas da minha casa, e você fica nos degraus. Viajo para algum lugar novo, e te esqueço em casa. Sinto a dor que é te deixar ir. É como dizem, o tempo cura tudo.
Esse não é um texto sobre como eu te esqueci. Esse é um texto para gritar ao mundo que eu não te esqueci. E talvez nunca vá esquecer. Só que em algum momento isso vai deixar de doer... Porque a vida segue. Eu segui. Você seguiu. E assim... Foi.

E se foi amor, algum dia vai voltar a ser."

Isabella Freitas

domingo, 3 de abril de 2016

O que eu odiava em você

Eu odiava o jeito como você queria ter tudo sob seu controle. Odiava o modo obsessivo-compulsivo como você controlava seus gastos e os meus. Odiava sua fissura por um sucesso que você nunca conquistou. Odiava o modo como você queria que eu seguisse o rumo que você havia escolhido pra mim. Odiava quando você era irônico, odiava seu jeito não-sociável, seu jeito fechado, fechado em um mundo onde nem eu nem ninguém nunca conseguiu entrar. Odiava o jeito como você achava estar sempre certo e todos os outros, errados. Odiava as milhares de perguntas que você tinha o costume de fazer a todos, odiava o jeito como você menosprezava todas as pessoas. Odiava a certeza que você tinha de que todos nós dependíamos de você, jamais sobreviveríamos sem você. Você estava errado. Aqui estamos nós, sobrevivendo e, mais que isso, vivendo. Mas o que eu mais odeio, ainda, em você,  é o fato de eu não conseguir te odiar, nem um pouco, nem por um segundo, nem mesmo só por te odiar, mesmo depois de tudo. Sentimentos são tão irracionais...

O que eu amava em você

Eu amava a sua fissura por perfumes, cada dia passava um e eu tentava adivinhar qual era (nunca acertava). Eu amava o jeito como você balançava a perna quando estava tentando segurar o choro. Amava quando você me tratava como uma criança de 5 anos de idade. Amava nossos planos, eram tantos, infinitos... Alguns pra futuro próximo, alguns pra eternidade, alguns realizamos, tantos outros ficaram pra trás. Amava quando íamos viajar e conhecíamos lugares tão incríveis, sempre tão juntos que quase éramos um só. Amava a nossa sintonia, o nosso jeito de se entender com um olhar. Eu amava o fato de você me ligar todas as noites só pra me desejar boa noite... Foram mais de mil boa-noites. Amava quando você tocava violão pra mim, e eu, tentando cantar, sempre estragava a música. Amava todas as vezes em que víamos filmes juntos, mesmo as vezes em que um de nós acabava dormindo. Amava as infinitas tardes que passamos juntos, às vezes só esperando o tempo passar. Amava os almoços surpresa que você planejava pra nós, amava até quando você me levava a restaurantes caros, mesmo contra minha vontade. Amava cada aniversario nosso, meu, seu, de namoro, amava as nossas comemorações, nossos natais, anos-novos, Páscoas, todas as datas que passamos juntos. Estar com você era simplesmente perfeito. Mas acabou. E eu tenho que me conformar e seguir em frente... Embora esteja difícil. Mas eu vou conseguir, eu sei que eu vou, vou conseguir esquecer tudo aquilo que eu amava em você.

sábado, 2 de abril de 2016

Obrigada apenas por existir

Coberta por lágrimas, sentindo uma angústia sem fim, uma dor aguda no fundo do estômago. Ela vem devagar, senta bem junto a mim, coloca uma pata em meu ombro, encosta seu focinho em meu nariz e permanece assim, por alguns segundos, de olhos fechados, antes de se deitar ao meu lado. "Eu estou aqui por você", ela teria dito, se fosse capaz de falar. Mas a conexão entre nós foi tão forte que palavras não foram necessárias para minha angústia ir embora e eu conseguir respirar. "Obrigada", eu disse. "Obrigada apenas por existir". O amor vem quando menos se espera.

Seus defeitos perfeitos

Fazia tanto tempo que eu não chorava... Não sou muito sentimental, quem me conhece sabe que a casca é grossa e não deixa muita coisa passar. Agora aqui estou. Às duas horas da manhã, sozinha, me debulhando em lágrimas que nem sei de onde vêm. Releio algumas coisas que você me escreveu. A verdade é que já faz quase um ano, e ainda não consegui entender o que aconteceu, por que aconteceu, como aconteceu. Será que me arrependi? Ainda não sei dizer. Mesmo um ano inteiro depois, ainda não consigo definir meus próprios sentimentos. Só sei que ainda dói. Aliás, dói demais. Era tudo tão lindo e perfeito, você era tão lindo e perfeito. Agora está sendo lindo e perfeito nos braços de outra pessoa, e isso dói tanto que chega a faltar o ar pra respirar. Prefiro não pensar pra conseguir continuar vivendo, mas, às vezes, sem minha permissão, as lágrimas começam a sair e não param, juro que eu tento impedir, mas elas continuam e insistem em molhar o papel e se misturar às palavras que eu escrevo. Por que, por que, por que? É só nisso que consigo pensar. Mas a resposta para essa pergunta parece não vir. Achei que seria fácil. Eu que sempre me apaixonei com tanta facilidade antes de te conhecer, me apegava, me entregava, até sofria! Agora parece que ninguém mais é suficiente. Sempre acabo comparando a você, virou um vício tentar encontrar você em outra pessoa. Tentativas totalmente inúteis que só me fazem ter mais certeza de que você é único. Talvez eu ainda te ame. Talvez eu nunca tenha deixado de te amar, nem por um segundo. É só que, às vezes, a vida prega algumas peças. O destino, às vezes, é cruel. E nossos sentimentos, injustos. Quase um ano se passou e agora sinto uma solidão tão grande que nada nem ninguém parece capaz de cobrir um pedacinho do vazio, sequer. Você sempre me completou, com você eu me sentia forte e capaz de tudo. Agora me sinto minúscula. Minúscula e absurdamente frágil, capaz de quebrar a qualquer momento. Me sinto vazia, oca, sem graça, sem cores. Apenas mais uma pessoa, perdida, em meio a um mundo cruel e cheio de pessoas tão cheias de defeitos, defeitos que eu não estou disposta a encarar, a aceitar. Só eu sei a falta que eu sinto dos seus defeitos. Seus defeitos tão perfeitos.

A falta que você me faz

Não vou assumir que sinto sua falta. Não vou assumir que pensar em você me gera uma angústia que mal me deixa respirar. Não vou assumir que a minha gastrite tenha sido gerada pelo sofrimento que você me causou quando resolveu partir. Não, eu não penso em você todos os dias. Todas as horas? Muito menos... Seria mentira se eu dissesse que gostaria de estar compartilhando com você tudo o que eu tenho planejado, sonhado e conquistado. Seria engano seu pensar que eu torço todos os dias para que você procure por mim, mesmo sabendo que meu orgulho não deixaria eu me reaproximar de você. Será que todos nós já não sofremos o suficiente? O suficiente por uma vida inteira, eu ousaria dizer. Não me importo nem um pouco pelo que você tem feito, muito menos pelo que você tem sentido. Não me importo um pouco, me importo muito, mas não vou assumir isso. Só não me importo mais, porque não caberia em mim. O amor e o ódio são tão próximos que quase se mesclam. Quase não se distinguem. O pior de tudo é saber que quando penso em você, não é mais a raiva que me domina. É o carinho e a saudade. O que me domina é a falta que você me faz. Mas eu não vou assumir isso. Nem pra mim, nem pra ninguém.

Não vou me adaptar

Se amar for se sujeitar, me desculpa, mas a isso eu não vou me adaptar.
Se amar for aceitar sem questionar, se for ser invadido, se for deixar-se de lado em alguns momentos, não vou me adaptar.
Se amar for colocar-se às vezes em segundo plano, for fingir que gosta de algo só pra deixar o outro feliz, se for fazer o que não quer pra agradar ou pra ser companheiro, não vou me adaptar.
Se amar for isso, que gera uma dorzinha lá no fundo do peito, uma sensação de vazio na ausência do outro, uma falta de ar, não vou me adaptar.
Se amar for viver em uma corda banda, pendendo pra um lado e pro outro, no calor e na dor, não vou me adaptar.
Se com o amor vier o ciúme, a angústia, e a incerteza, não vou me adaptar.
Mas sim. O amor é tudo isso e uma outra infinidade de mistura de sentimentos e fatos, o sim e o não, o A e o B, o fogo e o gelo, o eu e o outro, uma hora eu, uma hora o outro, o sufocamento e a explosão. Querendo ou não, o amor faz parte da vida e parte de nós. Não vou me adaptar? Vou, vou sim. Vou ter que me adaptar. Uma hora ele vai chegar, e eu vou me adaptar.

Capitão Gancho

Se não fossem as minhas malas cheias de memórias, ou aquela história que faz mais de um ano, não fossem os danos, não seria eu.
Se não fosse a minha avó, com todos os mimos, ou se eu menino fosse mais amado, se não desse errado, não seria eu.
Se o fato é que eu sou muito do seu desagrado, não quero ser chata, mas vou ser honesta: eu não sei o que você tem contra mim.
Se não fossem os ás, e não fosse a dor, e essa mania de lembrar de tudo feito um gravador, se não fosse o destino bancando o escritor, se não fossem as terças-feiras, e não fosse o andar de cima da primeira casa em que eu morei, se não fossem essas crianças, e esse cachorro, não seria eu.
Você pode tentar por horas me deixar culpada, mas vai dar errado, já que foi o resto da vida inteira que me fez assim.

Pra que mais? Ela só quer paz...

Ela é um filme de ação, com vários finais
Ela é política aplicada em conversas banais
Se ela tiver muito a fim, seja perspicaz
Ela nunca vai deixar claro, então entenda sinais
É o paraíso, suas curvas são cartões postais
Não tem juízo, ou se já teve, hoje não tem mais
Ela é o barco mais bolado que aportou no seu cais
As outras falam, falam, ela chega e faz
Ela já acreditou no amor, mas não sabe mais
Não quer cinco minutos no seu banco de trás
Só quer um jeans rasgado e uns 40 reais
Ela é uma letra do Caetano com flow do Racionais
Hoje pode até chover, porque ela só quer paz
Hoje ela só quer notícias boas pra se ler nos jornais
Amores reais, amizades leais
Ela entende de flores, ama os animais
Coisas simples, pra ela, são as coisas principais
Sem cantada, ela prefere os originais
Conheceu caras legais, mas nunca sensacionais
Ela não é as suas negas, rapaz
Pagar bebida é fácil, difícil é apresentar pros pais
Ela vai te enlouquecer pra ver do que é capaz
Vai fazer você sentir inveja de outros casais
E você vai ver que as outras eram todas iguais
Essa mina é daquelas fenomenais
Despedida pros seus dias mais normais
Pra que mais? Ela só quer paz...