Let's travel?

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Entre sem bater.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A hora da estrela - p. 38

"Tinha o que se chama de vida inteior e não sabia que tinha. Viva de si mesma como se comesse as próprias entranhas. Quando ia ao trabalho parecia uma doida mansa poruqe ao correr do ônibus devaneava em altos e deslumbrantes sonhos. Estes sonhos, de tanta interioridade, eram vazios porque lhes faltava o núcleo essencial de uma prévia experiência de - de êxtase, digamos. A maior parte do tempo tinha sem o saber o vazio que enche a alma dos santos. Ela era santa? Ao que parece. Não sabia que meditava pois não sabia o que queria dizer a palavra. Mas parece-me que sua vida era uma longa meditação sobre o nada. Só que precisava dos outros para crer em si mesma, senão se perderia nos sucessivos e redondos vácuos que havia nela. Meditava enquanto batia à máquina e por isso errava ainda mais."

- C.L.

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