Let's travel?

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Entre sem bater.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

ANJO SEM ASAS.

Ela adorava uma música que dizia “quando me perdi, você apareceu – me fazendo rir do que aconteceu” mas nunca havia sentido isso na pele. Até aquele dia. Naquele dia, sentiu uma vontade enorme de se sentir bonita. Vontade de que todos a olhassem. E admirassem. Lembrou-se de outra musica que dizia “eu já sabia, enquanto eu me arrumava algo me dizia: você vai encontrar alguém que vai mudar a sua vida inteira da noite pro dia”. Mudado sua vida? Não sei. Com toda certeza mudou o motivo de seus pensamentos. Se são os pensamentos que regem a vida, então esse tal alguém mudou sua vida. Literalmente da noite pro dia. Ela sempre fora vaidosa, mas especialmente naquele dia, ela estava agindo diferente. Queria que sua luz fosse emitida de qualquer modo. Queria ser notada. Por ele. Seja lá quem fosse ele. E o inverso aconteceu, foi ela quem o notou. Aquele anjo terreno. Quando encostou seu olhar nele, sentiu que ele um dia seria dela. Balançou a cabeça para afastar tal pensamento ridículo. Ele jamais repararia nela. Ela era uma criança. E ele era o seu anjo intocado e intocável. Chegam a se olhar, chegam a se aproximar, e quando ela está inspirando e enchendo seus pulmões com uma puríssima esperança permeada pelo perfume dele, ele se afasta e leva consigo a sua quase-esperança. Voltemos à noite anterior a essa. Ela tinha acabado de tropeçar em suas próprias ilusões e encontrava-se caída ao chão. Tentava se apoiar em suas lágrimas, em sua angústia, mas não encontrava ajuda para se reerguer. Tentava com todas suas restantes forças ficar em pé, mas a cada tentativa caía novamente ao chão. Então o anjo a levanta. O anjo que ela viria a conhecer na noite seguinte. Era o sangue dela que corria pelas veias do anjo. Era seu DNA que permeava cada uma das células que compunham toda a perfeição do seu anjo. O anjo que se encarregaria de cuidar dela. Para todo o sempre. O anjo que a carregou no colo quando ela estava caída. O anjo que a fez voar ao lado dele por todo um céu de pensamentos. O anjo que a levou para conhecer o mundo. O seu mundo das ideias. O anjo dos olhos claros e lábios desenhados. O anjo que era o que faltava para ela se sentir completa. E segura. Talvez o anjo estivesse ali, ao lado dela, desde sempre. Assistindo a cada passo dela. E resolveu entrar em ação quando percebeu que ela precisava dele. Quando percebeu que ela já possuía todos os requisitos necessários para se ter um anjo participando da vida A vida dela? comum, adolescente, vida de menina. E ela estava pronta. Estava pronta para se jogar nos braços do anjo, para deixar que o anjo fizesse dela o que bem entendesse. Para que o anjo a levasse para conhecer as estrelas, a levasse para conhecer o sublime. Conhecer como é a vida de um anjo. Agora ela tinha um anjo. E palavras como passado e futuro, palavras terrenas como fidelidade, distância e dor já não tinham mais importância. Tudo agora ia além. Agora ela tinha um anjo. Logo ela, que de anjo não tinha nada. “E de medo olhei tudo ao meu redor. Só assim enxerguei, e agora estou melhor”. (Ela era feliz por ter conseguido reconhecer um anjo disfarçado de gente). Obrigada, meu anjo.


Para meu secreto anjo sem asas, R.L.A. (27/12/2010)

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