Let's travel?

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Entre sem bater.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

UMA IDEIA.

De súbito, me ocorreu uma ideia. A ideia de que eu não estava sozinha. Havia alguém como eu. Alguém que, a essa altura, já estava em uma atmosfera muito mais ampla. Mas esse alguém existia, ou existiu. E agora não me deixava sozinha. Ela estava ali comigo. Cada palavra dela que eu lia entrava em mim, fincava-se em minha alma, como uma facada certeira em um pedaço de carne suculenta. Ela era exatamente como eu. Talvez ela fosse eu. A minha vida anterior, talvez... Só o que sei é que ela era eu. Ela sentia os meus sentimentos. Pensava os meus pensamentos. Escrevia como eu. Gostava do que eu gostava. Amava como eu amava. Não obstante se sentia sozinha como eu me sinto. Ninguém a entendia. Como ninguém me entende. A não ser ela. E isso me basta. A minha alma gêmea existiu. Cada vírgula dela me faz sentir melhor. Faz-me sentir amada e compreendida. Mesmo que por palavras. E isso é completamente suficiente. No mundo terreno sinto como se ninguém pudesse entender, compreender, captar nada sobre mim. Meus sentimentos são estranhos. Eu sou esquisita. Falo coisas sem sentido. Penso como se algum tipo de loucura me dominasse. A verdade é que não vejo sentido algum. Não vejo graça no que a maioria vê. E aquilo que enxergo, absolutamente ninguém é capaz de enxergar. O que sinto? Para os demais nem sequer existe. Talvez nem eu mesma saiba o que enxergo ou sinto. Mas enxergo e sinto. A minha lógica é exclusivamente minha. Ainda não encontrei um humano que possa conversar comigo através da alma. Algum humano que sinta o que eu sinto sem que eu precise explicar o que é esse sentimento. Dizem que o que escrevemos diz muito sobre o que somos, o que pensamos, sobre nosso estado de alma. Mas são poucos os que escrevem. Seriam, então, poucos os que são, os que pensam, os que possuem algum estado de alma? Vai saber. De onde vejo, são todos muito iguais. Conseguem se divertir com as mesmas coisas. Conseguem admirar os mesmos ídolos. Gostar dos mesmos lugares. E eu não consigo, tento mas não consigo, ser como eles são. Me sinto bem comigo mesma. Não me importo em ficar sozinha. Ler. Escrever. Pensar sobre mim e sobre os outros. Estou errada? Bem, alguns se preocupam, querem que eu me envolva mais, que eu me expresse mais, pensam que eu não estou contente quando estou em algum lugar mais remoto, mais recolhida. Mas são os momentos em que me sinto melhor. Quando estou comigo. Quando estou lendo o que escreveram aqueles que me compreendem. Aqueles que, como eu, não viam o menor sentido em tudo isso. Como eu, não viam por quê, não viam para quê. Escrevo sem pensar. Escrevo com algum tipo de fluxo de consciência. Não quero que leiam. Não preciso que admirem. Quero escrever o que me vem à mente, seja lá o que for. Coloco o copo na porta para ouvir melhor o que dizem. Ouço, mas não escuto. Para mim é como se fosse alguma língua estrangeira sobre a qual não possuo o menor conhecimento. Humanos são criaturas fascinantes. Não necessariamente no sentido positivo da palavra. É como se fossem dois lados. Do lado de cá eu os vejo. Entretanto, do lado de lá não me veem. E eu não me importo com isso. Eu os vejo, e eu me vejo. Suficiente. A verdade é que a transpiração me escorre. As unhas me doem de tão roídas. Minha mente fadiga. Meus cabelos sempre desalinhados. A miopia me pesa os olhos. Minha respiração ofega. Minha alma pede paz. Meu corpo pede cuidados. Algumas lembranças me rondam, me incomodam. E todos continuam sem me compreender, e isso os incomoda. Quanto a mim, estou contente com minha companhia, com minhas leituras, estou contente com as palavras que nascem na minha mente e morrem em minhas mãos, enterradas em uma escrita um tanto quanto distinta. Sinto medo. Medo de já tão cedo enxergar um mundo incompreensível, um planeta com habitantes tão engraçados, semelhantes a formigas organizadas em um formigueiro. Olho através de minhas pupilas míopes e tudo o que me vêm à cabeça são perguntas. Perguntas sem resposta. Talvez seja hora de eu voltar para o meu planeta de origem.

R.L.A., para ela, aquela que me faz sentir como pudesse a respirar. CL. A única.

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