Let's travel?

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Entre sem bater.

sábado, 5 de março de 2011

What about love?

O fato é que está começando a me dar náuseas, essa dependência doentil que as pessoas sentem uma em relação às outras. Eu assisto a esse espetáculo circense como se eu estivesse em uma outra esfera, assisto de fora, um zoológico de um só tipo de animal. Quanto à paixão humana, meu coração está fechado, selado e trancado. Me apaixono diariamente por palavras, livros, músicas e filmes. Por frases, autores, cantores e professores. Por família, por objetos, por astros, por sensações. Eventualmente algumas pessoas conseguem entrar para minha lista de paixões, mas nada relacionado com o sentido trivial da palavra. Se ocasionalmente toco lábios alheios com os meus próprios, faço-o pelo mero prazer físico momentâneo. Sabe aquela vertigem, aquele arrepio na espinha, aquele calor na alma? Optei por não sentir. Afinal, trata-se de um tipo de droga: na hora é prazeroso e irresistível, depois quando se nota já te dominou e, à partir daí, é só dor e sofrimento. Então para quê? Sem paixão: sem vertigem, mas também sem dor.. vale mais a pena. Pensando bem, esse tal amor deveria, como todas as outras drogas, ser ilegal. As pessoas se tornam mais inconscientes do que já o são, e sabe o que mais? Perdem-se. Adeus identidade, adeus digitais, nome, cpf. Tornam-se ridiculamente dependentes da droga do amor. Um depende do outro e ninguém depende de si próprio. Mania, essa, que o ser humano tem de se refugiar no outro. De recorrer ao outro como se recorre a uma boa dose de cachaça (aliás, muitas vezes é a isso que se recorre quando o outro falta). Mania, essa, de querer achar no outro uma pílula alucinógena, solução de todos os problemas. Enquanto essa droga for colocada em primeiro plano na vida humana, haverá dor. Haverá perda. Haverá vazio e sofrimento. E dor. Dor dor e dor. Ô raça masoquista, essa tal humanidade.


R.L.A.

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