Let's travel?

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Entre sem bater.

domingo, 3 de abril de 2011

Querer não é poder.

Escrever é a melhor forma que encontro. Quando algo não está bem, ou quando tudo está extremamente bem. Ou quando tudo extremamente não está bem. Com a dor aprendemos e crescemos e todo aquele blábláblá que eu sei que é verdade. Eu passei por uma dor, uma dor como uma coronhada inesperada na nuca. Depois passei por um longo período de anestesia geral. Foi como se o tempo não tivesse passado, não tivesse existido. Talvez nesse tempo eu estivesse bem, talvez estivesse viva, ou talvez estivesse apenas sobre-viva. Não importa. O fato aqui é o agora. Ego hic nunc. Eu aqui agora. Sempre gostei de viver. Sempre não, vai. Mas costumo achar a vida uma novelinha bem engraçada. O problema começa quando tudo vai se assemelhando a um fardo, dia após dia. Me considero um ser humano demasiado fraco. Quebradiço. Vidraça. E temo, temo, temo. Temo não aguentar o peso da vida. Temo quebrar a qualquer momento. Temo que uma pedrinha vá me fazer espatifar em milhões de pedacinhos de vidro cortante. Afinal, a vidraça aqui já está cheia de rachaduras e remendos mal-feitos. Nunca levei a vida a sério. Nunca levei nada a sério, melhor dizendo. Nunca aprendi a viver. Se aprende a viver? Não sei. Aliás, não sei nada. Só sei abrir meus olhos a cada novo dia e matar o gigantesco leão que me aguarda cama afora. Não consigo mais balancear. Já não consigo mais ter tanta certeza de que vale a pena. Estão começando a cobrar que eu cresça, mas eu não quero crescer. Será que não posso ser imatura para sempre? Tão mais fácil! Sonhos como ser bailarina, astronauta, princesa, jogadora de vôlei. Hoje vejo que não vai "dar tempo" de colocar em prática um milésimo dos meus anseios. Hoje enxergo que metade dos meus sonhos ficarão no papel. E como é frustrante! Eu não quero levar à sério. Não estou preparada para comprometimentos tão reais e, que ironia!, tão comprometedores. Não, eu não quero! Quero continuar com minhas paredes cor-de-rosa, minha literatura infanto-juvenil. Não quero abandonar a criança que insiste em se fincar em mim. Criança, essa, que parece um diabinho no meu ouvido esquerdo dizendo "não cresça, não cresça". Não quero assumir responsabilidades, não quero! Por que a vida exige isso de mim? Por quê? Não quero levar à sério. Simplesmente não quero. Mas será que, como dizem, querer não é poder? Infelizmente, tudo indica que sim. Querer não é poder.


R.L.A. (esse vai com traços de oralidade mesmo, I don't care.)

Um comentário:

  1. Já tive momentos, muitos momentos, de desespero, de dúvidas, de pura ansiedade. Achava estranho ter que vivenciar algumas coisas e sempre me perguntava onde chegaria com tudo aquilo que estava vivendo. Hoje, entendo o motivo de estar aqui, o motivo de ter vindo parar aqui, num mundo tão estranho, onde as pessoas matam seua leões todos os dias sempre achando que são os maiores. Hoje tenho você, uma "menina linda", sempre minha menina, com as mesmas dúvidas e com tanta pressa de ser feliz. Hoje, tenho certeza de que eu tinha de estar aqui, vivendo ao seu lado, vivendo parte das suas emoções. Estou e sempre estarei aqui, mesmo que seja para receber seus desabafos indiretos, em forma de respostar ríspidas,de atitudes inesperadas, mesmo que vc ache que não te percebo, que não sinto TUDO o que vc sente. Muitas vezes te entrego o que sei, por outras, observo calada tudo o que vc sente.
    E como gostas de palavras, escolhi as que tocaram em meu coração e tenho certeza, tocarão o seu também. Calma, tenha calma, as coisas chegam em seu tempo certo. Tudo nos chega em seu tempo certo, só precisamos dar a ele, seu próprio tempo.
    Um beijo da mulher que mais te ama no mundo, mamãe.

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