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Entre sem bater.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

A fuga do escorpião - III

"Disse que eu era a única coisa válida que lhe interessava em termos de vida. O resto que se danasse. Não permitiria, e repetiu, não permitiria que nada, nem ninguém, nos sombreasse, afligisse, carcomesse. Eu era a sua força, o que me fez estremecer, como se tivesse descoberto que o estava enganando. Suspeitei: uma das fragilidades do amor era esta necessidade de interdependência, que emprestava às metades o que, possivelmente, nem tivessem. (Ou seria a sua grande força?) Enfim, seria preciso calar quanto às minhas fraquezas, não revelar que a energia maior que ela. Se eu lhe dava o que necessitava, como ele a mim, éramos pedaços encaixados da mesma peça partida. Talvez fosse isso, então, amor. Dois formando a força de um. Sendo um. Pareceu-me pouco. E demais."

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