Let's travel?

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Entre sem bater.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Live and let die.

A vida cobra um pouco de nós. Cobra que vivamos. Cobra que sobrevivamos. E a tarefa mais difícil que a vida nos cobra é que saibamos deixar morrer – e isso poucos de nós consegue fazer. Por isso o sofrimento é tão comum. Dizia Drummond que “a dor é inevitável, o sofrimento é opcional”. Com isso ele queria dizer que a morte causa dor, mas o sofrimento é causado por não deixarmos que a morte ocorra, por não aceitarmos essa morte. E não falo da morte somente no sentido literal, mas na morte como um todo. Vivemos um sentimento, mas não deixamos que ele morra quando ele pára de fazer sentido. Vivemos uma experiência, mas não deixamos que ela morra quando ela não nos é mais útil. Vivemos o amor, mas não o deixamos ir embora quando ele morre. Cegamos. Desesperamos. Nós preferirmos morrer por inteiro a deixar que uma parte de nós morra. Quando o mais prudente seria simplesmente enterrar o que está morto, optamos por depositar todas as nossas forças tentando ressuscitar algo que a vida nos tirou. Vivemos a dor, e não a deixamos morrer quando ela mesma não quer mais viver em nós. Não conseguimos enterrá-la, esquecê-la. Sempre lutamos contra perdas que podiam ser pouco dolorosas. Dedicamos tanto tempo e esforço para manter tudo vivo que as pequenas perdas acabam se tornando o centro, o essencial, o demolidor. Perdemos o foco, perdemos nossos objetivos, esquecemos todos os outros itens, esquecemos de manter vivo o que está vivo enquanto tentamos manter vivo o que está morto. A vida cobra muito de nós. Cobra que vivamos. E cobra que saibamos deixar morrer. Live and let die.

R.L.A.

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