Let's travel?

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Entre sem bater.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Adeus, fome, adeus, carência

Outro dia eu li uma frase de uma psicóloga, e fez todo o sentido do mundo pra mim: ir em busca de um companheiro quando se está carente é como ir ao mercado com fome: tudo parece extremamente atrativo. E então resolvi refletir um pouco sobre mim. Em setembro do ano passado (ou será que foi outubro? Já nem lembro mais) eu tomei um pé na bunda de uma pessoa extremamente péssima. Coitado. Me tratava como uma qualquer, e fazia com que eu acreditasse que de fato eu não tinha valor nenhum. Um relacionamento extremamente infantilizado, abusivo e tóxico. Relacionamento que me fez sofrer tanto durante quanto após o ponto final. Na época eu fiquei tão mal, quando fui dispensada por ele eu cheguei ao fundo do poço e achava que nunca mais sairia de lá. A carência era tanta que qualquer um que me aparecia eu achava que era o grande amor da minha vida. Só que obviamente não eram. Cada ser humano que eu via eu já queria casar, ter um casal de filhos, um gato e uma planta. A carência me fazia enxergar as situações de forma totalmente distorcida. E então eu era dispensada novamente por todos os amores da minha vida que eu vinha a conhecer, porque talvez eles enxergassem a realidade de que não tinham absolutamente nada a ver comigo. E ser dispensada repetidamente pelos meus ex futuros maridos só me deixava pior. Mas aí a carência foi passando, sabe? Fui vendo a vida de outra forma, focando em outros objetivos muito maiores e muito mais valorosos, e até esqueci o que era querer um ser humano só pra mim. Olho pra trás, vejo as pessoas pelas quais me apaixonei perdidamente quando me sentia vazia e, posso falar a verdade? Sinto vergonha de mim mesma. Olho pro tal do meu ex e tenho vontade de pedir perdão pra minha família. São pessoas que não tem nada a ver comigo. Hoje estou tão seletiva, até demais. Consigo listar 387 defeitos em qualquer criatura só nos primeiros cinco minutos de conversa, e já desisto. Às vezes me sinto anestesiada, às vezes parece que jamais serei capaz de abrir mão de qualquer coisa por alguém novamente. Às vezes sinto que não serei capaz de amar e me entregar novamente. Tempo ao tempo, né? Se tiver que acontecer, vai acontecer. Mas de uma forma muito mais natural e saudável do que quando eu estava ridiculamente carente. Agora quando eu entrar no mercado vai ser pra selecionar só o que não tem nem gorduras trans, nem glúten, nem lactose. Adeus, fome, adeus, carência. 

Um comentário:

  1. Oi, Rafa! Olha só, tropecei no teu twitter, inativo desde 2012, quando a gente ainda se falava, e cliquei no blog. Pra minha grata surpresa, ele ainda existe e tu ainda escreve. Fiquei feliz, embora duvide que tu te lembre de mim.
    Enfim, só queria dar um oi.
    Sobre o texto: estamos na mesma. O amor é uma coisa maravilhosa! mas as pessoas...
    Tempo ao tempo é o máximo de conselho que eu posso pensar, e tu já sabe disso, até colocou no texto.

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